Se eu contar a verdade o senhor não vai brigar?

Certa vez, quando muito criança, meus pais saíram e ficou eu minhas irmãs em casa. Claro que aprontamos! Melhor, minhas irmãs aprontaram e deram uma fugidinha de casa.

Meu pai, esperto, desconfiou com toda razão que algo tinha ocorrido na ausência deles, pois estávamos bem agitadinhas.

Depois que meus pais mandaram todas irem deitar, eu também já acomodada no quarto deles (ainda dormia com meus pais para me sentir segura), meu pai me olhou com seus fortíssimos olhos azuis e perguntou:

- Sônia, conte-me. Suas irmãs saíram?

Confiei nos seus olhos plácidos, pois escondeu seu forte aborrecimento para obter uma resposta minha e fez a pergunta com muita doçura. Eu, julgando-me esperta, olhei para meu pai e "não" respondi, mas devolvi a ele uma outra pergunta:

- Se eu contar a verdade o senhor não vai brigar?

Desarmei meu pai que abriu um largo e generoso sorriso diante da minha inocência, que sem saber já respondia a sua pergunta. Depois disso, todos nós fomos dormir em paz.

Naquele dia, meu pai me ensinou uma grande lição: se eu conto a verdade não há briga, mas o triunfo da paz. A verdade liberta e promove a harmonia entre as pessoas.

Há 21 anos, quando eu era muito jovem e imatura, meu pai precisou partir para outro plano, mas deixou uma trajetória de vida que marcou fortemente a vida de seus 11 filhos. Posso falar com propriedade das impressões que deixou na vida de sua caçula, dentre todos os seus filhos: eu. Das muitas lições deixadas, destaco o ensinamento precioso: dizer sempre a verdade.

Este post é uma homenagem em memória ao meu saudoso pai, compartilhando com os leitores uma dica que garantirá a beleza do seu caráter, mesmo que no passado seu comportamento tenha sido vergonhoso.

Olhe para frente com altivez, generosidade e assuma uma postura que eleve a sua elegância: a atitude de dizer sempre a verdade. Pronuncie-a com o tom de realeza, com muito respeito, humildade e com serenidade na voz. Você conquistará o respeito de muitos!